Nas últimas semanas, publicamos quatro artigos que se enfrentam à problemática do Projeto. O que é o projeto? Em que consiste o projetar? Como a representação interfere no projeto?
A seguir deixamos um trecho de cada um desses artigos e os links para suas versões completas.
1. Reflexões sobre o projeto, Juan Antonio Cortés
“Desenvolver o projeto tem sido afastar-nos dos aspectos narrativos que acompanham os caminhos nos jardins... Tem sido trabalhar no interior dos traços prévios: pararmos no movimento. Pararmos para pensar em outra coisa, multiplicar as bifurcações, os espaços intermediários, os lugares de escape...”. E: “Usar esse lugar é fazê-lo desaparecer: como as folhas sobre o pavimento de madeira, ou a chuva, que arrasta as terras para o fundo da fenda...”.
2. O Modelo Projetivo, Robin Evans
"A distinção entre composição e projeção em arquitetura tem sua contraparte na geometria matemática. Primeiro veio uma geometria cujos ideais foram bem adaptados para a medição de coisas. Isso foi organizado num consistente corpo de proposições pelos gregos e obteve sua clássica exposição em Elementos de Euclides. A geometria euclidiana estava preocupada com as razões e equidades de linhas, áreas e ângulos. Apesar de abstrata, apesar de contemplativa em espírito, apesar de distante de aplicações práticas, ela deve certamente haver surgido de, e facilmente se transforma de volta em, tarefas de configurar artefatos, projetar edifícios, levantar dados topográficos. Depois veio uma geometria já não mais preocupada com medir as propriedades intrínsecas de objetos: geometria projetiva."
3. Projeção axonométrica: novas geometrias e antigas origens, Stan Allen
"Arquitetura tende, na teoria, rumo à objetividade ideal de Husserl. Ainda na prática essa suavidade perfeita se prova inatingível. A abstração do desenho arquitetônico é tanto um produto de sua instrumentalidade como um resultado do contato com as origens da geometria. A representação arquitetônica faz uso da transparência geométrica de Husserl, e é de fato marcada por ela, contudo sua objetividade nunca pode ser incontaminada. Os desenhos arquitetônicos sempre mantém algum contato com a instrumentalidade. A arquitetura como uma construção matemática pura permanece como um sonho utópico."
4. Arquitetura e a Poética da Representação, Dalibor Vesely
"Em termos de conteúdo e meios da representação, há uma óbvia diferença relacionada às características específicas de cada arte particular. Porém em termos de suas naturezas, a diferença é negligenciável em tal medida que nós podemos justificavelmente falar de mythos poético como a alma de todas as artes criativas, incluindo a arquitetura. A conclusão ilustra também que a arquitetura assim como qualquer outra arte é uma representação da praxis humana e não uma representação da natureza ou ideias. A praxis está sempre situada entre ideias e natureza, e serve como um veículo para sua unidade."